Rafting Cassandoca


 

Esta atividade acorreu no dia 14 de abril de 2007. Depois de alguns contratempos, Alex, Elaine e eu tiramos o atraso para chegar na hora marcada na Equipe Montana, em São Luiz do Paraitinga. Chegando na cidadezinha acolhedora, conhecemos outros adeptos do esporte que lá estavam. Entre eles Taty e Alexandre que se tornariam nossos companheiros de bote na Equipe Águia do Mar (versão release). Rapidamente trocamos de roupas e partimos com o motorista da Van que nos aguardava. Chegando no ponto de desembarque, ouvimos atentamente as instruções de segurança que são de praxe no esporte do rafting, pois sempre existem principiantes no esporte junto aos veteranos. Além disso, toda recomendação de segurança é boa! Um amigo meu que já havia feito o trajeto da Cassandoca já tinha me avisado: “é trampo pra caramba”; o que para nós que gostamos do esporte, criou ainda mais expectativas. Bote à dentro e logo avistamos uma corredeira nível IV à frente. O instrutor do nosso bote, Júlio, coordenava as filmagens para elaboração de um DVD do pessoal descendo as corredeiras, por isso, fomos os últimos a descer. Existe um ditado que diz que os últimos serão os primeiros, e fomos realmente os primeiros... os primeiros a virar o bote para sermos arremessados em um poço abaixo. Melhor impossível; emoção ocorreu logo na primeira corredeira era algo que não esperávamos a este nível.  Elaine caiu por cima da Taty e o bote por cima delas. Ainda bem que o bote caiu invertido (com o fundo para cima), de forma que as belas pupilas tiveram como respirar embaixo dele. Mas elas não queriam mais conversa e decidiram sair rapidamente de lá. Eu também não pensaria duas vezes, pois ficar embaixo de bote não está com nada. Elaine nem conseguia respirar direito quando chegou perto de mim. A água gélida do rio a fazia tremer mais que vara verde. Ela me lembrou aí aquela cena do filme Titanic depois do naufrágio onde a protagonista pedia ajuda para ser resgatada. Eu só ouvia ela dizer: “André, me tira daqui, me tira daqui!”. Eu pedi para que ela mantivesse a calma, afinal, como não dava pé pela profundidade, até eu teria que ser resgatado por um dos instrutores puxado de costas para a embarcação pelo colete salva-vidas. Resgatados prosseguimos em frente despencando corredeiras abaixo com muita emoção. Elaine, principiante no esporte, de cara tornou-se a mascote da turma, ainda mais depois do episódio da capotagem. Aliás, por falar nisto, embora o nosso grito de guerra tenha sido Águia do Mar, Águia do Mar, Ôôôô, fomos apelidados por outras equipes de Equipe Capote. Para nós tudo era diversão e quanto mais emoção, melhor! Nada poderia ter sido mais emocionante do que uma capotagem na primeira corredeira. Por incrível que pareça, tem gente que não gosta de virar o bote em corredeiras. Ou seja, querem fazer o estereotipado rafting de mauricinhos e saírem secos. Pelo amor de Deus, como tem gente sem graça neste mundo! Onde já se viu você ir praticar um esporte aquático e ainda querer sair seco?! Cada louco com sua mania! De toda forma ninguém saiu seco, pois logo começam as brincadeiras de jogar propositalmente água com o remo nos componentes de outras equipes. Depois de muitas risadas e remadas, paramos para o nosso lanche. No rafting as horas passam voando que a gente nem vê! Foi um momento de descontração em que aproveitamos para conhecer melhor outros aventureiros. Depois do delicioso lanche e um pedaço de chocolate dado pelos instrutores, seguimos por outras corredeiras abaixo. Logo começamos a ingressar em longas áreas de remanso. Foi aí que entendi o que meu amigo quis dizer com: “é trampo pra caramba”.  Nestas horas é preciso ter braço! Li-te-ral-men-te! Alex e eu remávamos a frente, seguidos por Elaine e Taty na intermediária e Júlio e Alexandre no final do bote. Acontece que quem dita o ritmo e o sincronismo das remadas, são os dois que permanecem na frente; é como uma bateria que não pode deixar cair à percussão. Em alguns momentos, Alex e eu invertíamos de lado no bote, assim revezávamos entre esquerda e direita para distribuir a força entre os respectivos braços. Logo mais ingressamos em outra área, conhecida como Rafting Palmeiras. Mais algumas áreas de remanso com algumas corredeiras e chegamos ao tão esperado funil que já narrei em investidas em corredeiras anteriores. Hora de descer todas as equipes do bote e ver quem se arriscará a ser submerso pelas correntezas ao encarar o funil de frente. Logo os primeiros começaram a ir e ser sugados com uma força indescritível para o fundo, emergindo lá na frente onde uma corda de salvamento era lançada por um instrutor com a finalidade de resgatar o praticante de rafting. Foi numa destas ocasiões que Elaine foi acompanhada do instrutor. O funil é emoção pra ninguém botar defeito, uma das melhores ocasiões do percurso. Após Elaine emergir, percebemos que ela estava meio perdida no tempo e no espaço. O funil tem essa característica, pois quando a pessoa é sugada e ingressa no turbilhão, sairá sem noção de direção logo à frente. Elaine estapeou o instrutor e quando lançaram o saco com a corda de resgate, foi atingida em seu capacete. Mais um motivo pra gente se divertir com a nossa mascote da turma. Depois foi Taty a entrar no turbilhão. Aquele dia eu estava meio reflexivo. Pensei... É a primeira vez que faço rafting e ainda não sofri nenhum arranhão. Seria agora? Afinal, na minha última passagem pelo funil, ganhei uma cicatriz na perna que vai me acompanhar pelo resto dos meus dias. Por que eu fui pensar... Antes não tivesse pensado nada! Dei as primeiras braçadas contra a correnteza e ingressei no funil na posição correta. Fui sugado com tudo para baixo. A sensação de sucção é inefável! O funil pelo que se sabe, não tem área de sumiço (área que se alguém entrar e não for resgatado em poucos segundos, como diz a gíria, já era). Mas de repente percebi que estava no meio do turbilhão e não estava indo nem pra cima, nem pra baixo. Estava preso no turbilhão e o tempo começou a passar. Foi aí que resolvi usar fortemente os braços para tentar chegar à tona enquanto ainda tinha fôlego. Alguns coletes especiais de rafting, geralmente usados por instrutores profissionais, possuem um dispositivo que pode auxiliar em questões como esta, mas não era o caso do meu colete. Braçadas e mais braçadas no turbilhão que parecera uma eternidade me fizeram finalmente chegar à tona para receber o ar. Em cima o instrutor já estava me procurando. Assistindo o DVD posteriormente percebi que a filmadora caçava minha subida por todos os lados e demorei o dobro do tempo que os demais para emergir. Bem... Se não ganhei um corte feio desta vez, ganhei uns momentos a mais para reflexão embaixo d’água. Depois foi a vez de Alex encarar o funil, tirou de letra! Mais algumas manobras e nossa descida nas corredeiras logo se concluiriam, mas não antes de nós todos propositalmente virarmos novamente o bote em uma área de remanso. Um banho quente na Fazenda Palmeiras e algumas petiscadas em alguns salgadinhos para dar o reforço para chegarmos à cidade, foram indispensáveis. A volta na Van foi um dos melhores retornos que já tivemos, pois retornamos com os instrutores, um mais maluco que o outro. Todos gente finíssimas e muito legais, contando os causos locais e de outras expedições. Chegando na cidade saboreamos um boa comida em um dos restaurantes típicos da cidade para somente então, encerramos mais uma descida às coreedeiras com sucesso chave de ouro!