Rafting no Parque Estadual do Núcleo Santa Virgínia

Essa experiência ocorreu no mês de novembro de 2006 no Parque Estadual do Núcleo Santa Virgínia. Os componentes da equipe Águia do Mar: Alex, Thiago, Olavo e eu, todos conduzidos pela experiente instrutora de rafting conhecida como Lisbeth, Lis para nós. Quem vê o rostinho sorridente da instrutora não imagina como esta mulher é brava! Digo isto no bom sentindo, pois não deve ser nada fácil carregar a responsabilidade de conduzir pessoas em um esporte radical como o rafting. Chegamos pela manhã em São Luiz do Paraitinga, sendo conduzido por uma Van até uma fazenda para troca de roupa e instruções. A caminho do ponto de partida para as corredeiras, animamos os passageiros com canções tocadas ao violão. Não sei quem preparou uma bebida explosiva. Eu só reconheci o gosto do isotônico Gatorade na composição daquilo que parecia mais um coquetel molotov. O pessoal ficou numa alegria só e deu até calor em alguns. Chegamos à fazenda e lá estava o nosso Coronel Lisbeth para nos saudar. Trocamos de roupa e fomos receber as instruções com o Hélio, cidadão muito animado e extrovertido. Bote na água e começamos o percurso com Lis nos lembrando alguns comandos. Se nas corredeiras da classe três já era necessária muita atenção, imagine nas de classe cinco. Pelo que soube o rafting vai até o nível 6, mas é o que chamamos de um atentado em termos de queda d´água. Esta classe existe, mas nem instrutores de sã consciência arriscam descer este tipo de corredeira. Para não falar emoção logo vieram as nossas primeiras corredeiras. Que alegria sentir o bote despencar no meio das quedas. O Tiago não esteve conosco na primeira vez que praticamos o rafiting, mas encarou as quedas iniciais com destreza e determinação. No entanto, era só o começo. Seguiríamos por seis horas de corredeiras rio abaixo. Como era a despedida da prática do Rafting no Parque Estadual do Núcleo Santa Virgínia, faríamos as principais quedas duas vezes, o que deveria aumentar o tempo do percurso e equipes descendo. A despedida se deve ao fato de que um estudo foi feito para saber sobre o impacto ambiental do rafting na reserva. Aliás, as descidas por lá já eram controladas, só permitidas em uma periodicidade limitada e em algumas épocas do ano, para que a fauna e a flora pudessem ser preservadas. Logo mais veio uma corredeira conhecida como Caixão. Olha o nome da criança! Coisa pra defunto algum botar defeito! O bote começou a despencar corredeira abaixo. Desespero para alguns, mas alegria para outros. A sensação é a mesma de ver um cão chupando manga. Um cão dos mais nervosos! Depois da adrenalina toda, teríamos que carregar o bote pelas pedras acima para que repetíssemos a dose com muita emoção. O bote não é nada leve e dá um bom trabalho carregá-lo, mas a equipe Águia do Mar não afinou e deu um jeito de transportá-lo para o ponto em que desceríamos novamente. Combinamos que inverteríamos sempre de lugar, ou seja, como toda corredeira possuísse área de maior risco, os dois que haviam ido anteriormente do lado mais arriscado, cederiam o lugar para os outros dois que foram do lado de risco menor; se que posso afirmar que existe esta hipótese neste tipo de esporte. Feita a troca despencamos corredeira abaixo novamente! Muito louco! Por volta do meio-dia paramos para um lanche. Muitas frutas, sanduba natural em um lugar maravilhoso. Não demorou até que a galera descobrisse um penhasco onde alguns poucos arriscavam a saltar numa bacia profunda metros abaixo. O Tiago tomou a iniciativa e deu o primeiro pulo. Quem parasse para pensar não pulava, pois não era coisa para qualquer um. Então lá fui eu na seqüência após ver o Tiago se deslocar para um ponto em que não houvesse risco de eu cair em cima dele. Saltei de pé, pois é o mais correto. Quando atingi a água fui para o fundo, mas não toquei o chão, aguardando o colete salva-vidas me conduzir para cima. Pude perceber que a bacia é muito profunda, o que nos livrou do perigo de encontrar alguma pedra. Logo mais veio o Alex despencando pelo ar até atingir a água. Lá debaixo observamos que o Olavo ensaiou, ensaiou e não pulou. Alex, Tiago e eu nos reunimos e decidimos que deveríamos nos unir e contribuir para que o único membro restante conseguisse saltar. Foi aí que tivemos a idéia de juntar os braços e pular todos juntos. Olavo talvez fosse o mais são de todos nós ao não ter saltado. Mas como todo tipo de esporte radical exige um pouco de risco calculado, convencemos Olavo a saltar conosco. Desta vez ele encarou e lá estamos nós quatro a despencar de mãos juntas até atingirmos a água. Na saída percebemos que existiam vários peixes a nos rodear, pirapitingas. Comemos e antes de partimos pulamos novamente do penhasco, ocasião que levamos uma bronca de Lis por pular sem os capacetes. A gente sabia que ela puxaria nossa orelha. Foi só pra ver se ela estava prestando atenção em nós. Bote esperando e partimos novamente, mas não antes de Alex e eu levarmos escorregões nas pedras lisas e molhadas. Logo mais à frente tivemos que passar por um lugar conhecido como Ponte de Pedra. Trata-se do único lugar em todo o Parque Estadual que os animais podem passar de uma margem para a outra do rio sem ter que entrar na água. Enquanto o bote era transportado pelas pedras, pisei em uma pedra molhada e levei um tombo de costas que me rendeu uma boa cicatriz no cotovelo. O tombo só não foi pior porque o colete salva-vidas amenizou o impacto lombar. Dores à parte e voltamos ao bote. E logo encontramos a corredeira da Gamela. Emocionante demais! Corredeiras, remansos e lá estávamos nós firme e forte até que o bote enroscou, ocasião em que a instrutora deu o comando: “Todos à esquerda!”. E aí aconteceu uma das surpresas do rafting. Neste lugar, onde eu não imaginava correr o risco de cair, deslizei sobre o bote e fui para no fundo do turbilhão. A correnteza forte me deslocou rapidamente até que bati a minha cabeça com muita força em uma pedra. Até então estava de olho fechado. Abri os olhos e senti que fui deslocado para debaixo do bote. Está aí uma sensação que não é muito agradável. Esperei alguns segundos para ver se a correnteza me tirava dali, mas o turbilhão fazia a água circular de modo que eu não ia para lugar algum. Foi aí que comecei a olhar para os lados tentando encontrar a saída mais próxima. Como um gato, cravei minhas mãos debaixo do bote e fui puxando velozmente até encontrar o lado que havia mais luminosidade. Segundos após, quando Lis estava pronta para pular em meu socorro, apareci para alegria geral da galera corredeira abaixo. Se eu soubesse que ela pularia, até arriscava ficar mais tempo embaixo d’água. Brincadeira. Na hora a gente só pensa em sair debaixo do bote. Estava aí a importância do capacete. Se eu estive sem ele poderia abrir uma rachadura na cabeça e até desmaiar. Com uma forte dor na cabeça fui resgatado mais à frente. Todos apreensivos queriam saber o que aconteceu. Comecei a relatar os instantes vividos que pareciam ter durado uma eternidade. Senti um nervosismo por parte da instrutora. Realmente deve ter ficado preocupada com os acontecimentos. Coloquei-me a imagina se a situação tivesse ocorrido em uma prática de rafting noturno, onde eu não pudesse ver a luminosidade para nadar na direção e sair debaixo do bote. Melhor nem pensar! A equipe se estabilizou e partimos em frente. Já nos finalmente encontramos uma corredeira nível 6. É suicídio tentar descê-la, por isso, o bote desce amarrado em uma corda enquanto descíamos pelas pedras laterais. Mais a frente outra corredeira muito legal conhecida como Surf. Todos inclinam o corpo na frente do bote enquanto a instrutora inclina-se para trás tentando buscar o equilíbrio. Inclinamos o bote em ângulo muito acentuado. Infelizmente na hora em estava mais inclinado não foi registrado em fotos. Mas a corredeira é tão boa e alguns chegaram a cair. Na segunda vez que voltamos ao Surf Alex e eu queríamos virar o bote. Entretanto, o bote virou de lado e fui agarrado por alguém me levando junto para o fundo da corredeira, ganhando mais uma cicatriz na perna esquerda. Devo ter alguma coisa com o lado esquerdo no rafting, pois mesmo remando alternadamente em lados diferentes, só me machuco na parte esquerda do corpo. Depois de muito curtir o Surf nós partimos para o remanso final enroscando em algumas pedras. Chegamos à outra fazenda onde foi feito o nosso resgate. Foram dez horas remando e descendo corredeira. Seriam seis horas, mas como era despedida do rafting no Parque Estadual, tivemos o privilégio de descer as corredeiras mais emocionantes mais de uma vez. Voltamos para São Luiz do Paraitinga e para minha alegria uma carreata comemorava a vitória do São Paulo Futebol Clube no campeonato. Logo Lis chegou. Os outros nos chamavam de privilegiados porque Lis foi a única instrutora mulher a nos guiar. E realmente nos sentíamos assim. Cá entre nós, somos mesmo especiais! Encerramos a nossa passagem na acolhedora cidadezinha de São Luiz com Alex e Olavo cantando uma música feita especialmente para Lis (música). O rafting realmente é um esporte que surpreende. Venha conosco na próxima e seja bem-vindo à vida!

 

 

Musica: Esporte Espetacular

Letras: Alex e Olavo

Momento: Rafting – São Luiz do Paraitinga

Dedicado para: Lis, Joaquim, André, Admilson, Olavo, Thiago e Alex.

Agradecimentos: Equipe Montana.

 

G – D – Em – C – G – Am – C – D

 

G            D

 É no rio rafting

 

Em                 C                       G

 Lá em São Luiz do Paraitinga

 

                       Am

Que eu vou estar

 

C                   D

 Esporte espetacular

 

G                          D

 Muitas pedras, corredeiras

 

Em                C

 Essa turma aventureira

 

                G                          Am

Se encontrar, onde quer que vá

 

C                    D

 O esporte praticar

 

G                 D

 O André e o Thiago

 

Em            C                       G

 O Alex e o Olavo, vão remar

 

                        Am

E a Lis com o Manoel

 

C                      D

 Mais parecem coronel

 

G            D

 Todos a frente

 

Em         C

 Todos a ré

 

                  G                  Am

Preste atenção, o seu mané

 

C             D                        G

 Direita frente, esquerda ré

 

                  D

E o carro atolado

 

Em                     C

 Depois do funil, André tatuado

 

G                   Am

 E pro bote encher

 

C                            D

 A gente tem que se mexer

 

G                      D

 O Colete e o capacete

 

Em                   C                     G

 A cruzeta agarra, no bote entrar

 

               Am

Vai começar

 

C                        D

 O esporte espetacular

 

Parte II 

 De volta ao Rafting

Que manobra loka é o surfing

Águia do Mar

Equipe pronta p/ voar

 

No Núcleo Santa Virgínia

O Ad não pode participar

Mas no rafting Palmeira

Pode sua marca registrar

 

Manobras rápidas

Na gamela vamos descer

Eu quero ver

Dentro do bote se manter

 

Lá no caixão

Pedras e águas de montão

Coragem tem que ter

Adrenalina p/ viver

 

Águia do Mar

Asas abertas p/ mergulhar

Irmãos de união

Todas barreiras superar

 

Lis nossa capitã

Rafting Caçandoca de manhã

Novidades se encontrar

Esporte espetacular.