Rafting Palmeiras

    Esta atividade aconteceu em meados do mês outubro de 2006, ocasião em que Alex, Olavo, Admilson e eu pegamos o carro e partimos rumo a São Luiz do Paraitinga. Chegamos na acolhedora cidadezinha, conhecida por ter um dos melhores carnavais da região com os típicos blocos de rua. Assim que chegamos fomos diretamente às instalações da Equipe Montana, empresa incumbida de nos levar ao passeio previamente agendado. Já no caminho tivemos a nossa primeira surpresa para quebrar a rotina. Para desviar das carretas estacionadas na estrada de terra, utilizadas para transporte de eucaliptos, o utilitário que nos conduzia patinou e atolou próximo de um barranco. Cabe um adendo: Eu detesto monocultura de eucaliptos. Sei que gera renda para os moradores da região, mas a degradação ambiental é inestimável. Depois de muito empurrarmos a nossa condução sem resultados, um iluminado trabalhador resolveu nos ajudar. Amarrou um cabo de aço em uma das carretas e guinchou a Van para fora da ribanceira. Por pouco o veículo não tombou. Lógico que felizes e satisfeitos comemoramos o feito. Mais adiante a Van atolou novamente. Agora tudo era motivo para festa. Descemos o bote do Rafting e todos os equipamentos. A solução seria encher o bote e carregá-lo na cabeça até o rio. Aí começou o exercício da galera, cada hora revezando na bomba manual que lentamente foi inflando o bote. Depois ajudamos a desatolar a Van que nos resgataria mais tarde. Colocamos o bote na cabeça e fomos por uma estradinha de terra até as proximidades do Rio Paraibuna de São Paulo, conduzidos pela instrutora de Rafting conhecida como Lisbeth e o estagiário Joaquim. Em pouco tempo Lisbeth transformou-se simplesmente em Lis e o Joaquim transformou-se em Manuel na fala da galera. Faz parte! Tinha que sobrar pra alguém! A instrutora começou então a dar as primeiras noções de comando, alertando que o Rafting é um esporte radical e que desceríamos uma corredeira com nível três de dificuldade. O problema maior do Rafting são as pedras, que em alguns casos possuem aranhas quase do tamanho de minha mão. O bote pode se chocar com as pedras, as mesmas que podemos encontrar ao cair nas corredeiras. Quando caímos é importante tentar posicionar os pés para frente, caso contrário podemos bater a cabeça nas pedras. Mas com a correnteza muito forte, nem sempre temos este controle. Também podemos ir parar debaixo do bote no caso de queda. Isto pode levar a alguns ao desespero. Caso isto aconteça é necessário muito autocontrole até nos desvencilharmos dessa situação. Os remos também podem causar acidentes na maioria dos casos, por isso é necessário segurá-los firmemente. Bote na água e mais alguns testes para ver se a galera pegou o macete das instruções para seguirmos avante e adiante. Como havia chovido muito nos dias anteriores, o rio estava cheio e a correnteza muito forte. Era assim que esperávamos que estivesse, com muita emoção. As primeiras corredeiras chegaram e nós nos empolgamos. Logo a instrutora parou o bote para ver o acesso à corredeira do Funil estava livre, sem nenhum tronco atrapalhando. Tudo beleza e seguimos em frente, sentindo o bote deslizar fortemente Funil abaixo. Pena que nas horas de maior emoção não tinha ninguém para fotografar, pois todos tinham que estar atentos no bote. Paramos mais à frente e a instrutora propôs que fizéssemos uma atividade no Funil. Todos topamos. Foi aí que ela explicou que nadaríamos até uma parte do rio e depois seríamos sugados para baixo pela corredeira do Funil. Voluntários para começar, perguntou ela! Como ninguém deu um passo a frente, tomei a iniciativa e me ofereci para ser a cobaia do grupo. Realmente é impressionante a força da água que se assemelhava a gelo derretido. Vim na posição correta, corpo boiando, pés para frente, e, de repente fui sugado fortemente para o fundo, permanecendo segundos debaixo d’água e surgindo lá na frente da corredeira. Trata-se de um turbilhão que nos faz sentir como um papel dentro de um furacão. É praticamente indescritível a sensação. Após submergir percebi que atingi uma pedra acidentalmente. Ao emergir agarrei rapidamente uma corda lançada pelo Joaquim. Se não agarrasse a corda naquele exato instante teria que descer rio adiante. Saí da água e olhei a minha perna, percebi um calombo se levantando rapidamente no tornozelo esquerdo. A adrenalina ainda estava no corpo quando vi que a pele arrancada demonstrava a cor branca de meus ossos. Reparei que foi apenas uma lesão, nenhuma fratura exposta. Como estava uns trinta metros longe do grupo, não demonstrei nada sobre estar machucado. Não era momento para criar pânico. Tanto é que os demais foram sugados pela corredeira do Funil e ninguém ganhou uma tatuagem do Rafting (apelido dado às cicatrizes de quem se machuca neste tipo de esporte). Fiquei satisfeito em ser batizado com uma destas tatuagens logo na minha primeira prática do rafting. Percebi que este esporte além de ter altas emoções, deliberadamente não é recomendado para crianças ou narcisistas que gostam de retocar a imagem na frente de espelhos. Em uma das ocasiões o bote chocou com um conjunto de pedras, começando a inundar. Todos nos deslocamos para a parte do bote que não estava inundada, pois estava inclinada sobre as pedras. Joaquim e eu saímos do bote. Ainda tentei segurar na corda para manter o bote preso, mas o mesmo se deslocou com uma força impressionante corredeira abaixo. Joaquim e eu ficamos ilhados. Ou pulávamos na corredeira ou esperaríamos o resgate, ocasião em que o grupo que havia ficado no bote enfrentou a correnteza contrária para nos resgatar. Na continuidade ainda tivemos muita emoção. Atravessamos um remanso remando muito, descemos uma corredeira fazendo a manobra do helicóptero, girando 360 graus várias vezes e para finalizar encaramos uma corredeira conhecida como Pauleira. É o bicho da goiaba e não poderia ser melhor! Passamos mais de duas horas nestas investidas com a impressão de ter sido apenas minutos. Uma sensação boa tomou conta de nós. Já na minha primeira prática no esporte percebi que o Rafting é apaixonante, principalmente para quem gosta de fortes emoções e gosta de trabalho em equipe. Resgatados pela condução rio abaixo, voltamos para a cidade. Estávamos famintos e fomos no deliciar em um restaurante ao lado de onde se estabelece a Equipe Montana. No mais é isso aí! Até a próxima!